O café em cima da mesa, o cigarro entre meus dedos e sua voz
ecoando na minha mente.
Lembro-me muito bem o que aquelas palavras me causavam
antigamente, hoje em dia, só ficam ecoando no meu apartamento. Ou talvez, ainda
me causam algo, mas algo que agora eu consigo controlar. Dizer que me ama, que
sente falta de mim ou que pretende se casar comigo, é perda de tempo meu
querido “amigo”. Depois de você causar todo o caos em mim, suas palavras
passaram a não ter nenhum valor.
Hoje minha companhia é o cigarro, os livros de Machado de
Assis e o amargo café. Pra mim é preferível morrer aos poucos todos os dias por
qualquer vício fútil á morrer de amores por um idiota.
Perdoe-me se estou sendo rude, mas é que a tal solidão que
Marcelo Camelo vivia a cantar, hoje faz todo sentido, porém não me soa tão doce
quando refletida em um domingo de manhã.
Antes que você pense em me ligar pela madrugada, lembre-se
que tenho companhia melhor, na verdade, até a minha presença solitária em um
quarto qualquer é melhor do que a sua voz me fazendo falsas juras de falsos
sentimentos.
Hoje eu não decidi escrever para você, isso eu já fiz há
muito tempo. Hoje eu só queria escrever algo para me lembrar de que apesar de
ainda te amar, eu te odeio com todo o ar puro que ainda resta ao meu inútil pulmão
e que fui capaz de resistir a sua infeliz tentativa de me ter em seus braços esta
noite.
Escrito por: Bianca Nascimento